
Portarias remotas e a evolução da segurança nos condomínios brasileiros
O mercado de segurança eletrônica brasileiro vive um momento de crescimento contínuo. Em 2024, o setor registrou faturamento médio de R$ 14 bilhões, resultado de um crescimento de 16,1% em relação ao ano anterior, segundo o Panorama 2024/2025 realizado pela ABESE - Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança. Esse movimento reflete a consolidação de soluções tecnológicas, como a portaria remota, que já está presente em mais de 14 mil condomínios em todo o país.
Não se trata apenas de modernização. A adesão crescente à portaria remota traduz uma mudança cultural importante: a migração de uma lógica baseada na confiança para uma segurança estruturada em processos, tecnologia e dados. Após a implantação, os condomínios relatam ganhos expressivos em eficiência e proteção. Custos operacionais podem cair entre 40% e 60%, sobretudo quando há substituição de portarias 24 horas, mas os benefícios vão além: atendimento ininterrupto, registros detalhados de acessos, maior controle da administração e, principalmente, a eliminação do risco de coação direta a porteiros.
Por isso, quando vemos iniciativas como a recente lei aprovada no Distrito Federal, que tenta limitar a atuação da portaria remota sem fundamento válido, percebemos o retrocesso que ignora os avanços conquistados, prejudica a inovação e ameaça a própria segurança da sociedade. Como presidente da ABESE, reafirmo nosso compromisso em defender a modernização e a liberdade de empreender, porque acreditamos que a tecnologia deve estar a serviço da proteção dos brasileiros e não ser barrada por medidas infundadas.
A expectativa é de que, em 2025, a área de portaria remota cresça 25,3%, sustentada pelos avanços tecnológicos, maior profissionalização das empresas e, claro, pelo amadurecimento do próprio mercado. Mas é importante frisar: a tecnologia, por si só, não resolve tudo. Ela precisa vir acompanhada de educação e conscientização, a importância de combater práticas aparentemente inofensivas, como “segurar a porta” para que alguém entre no condomínio sem identificação. Esse gesto de gentileza pode ser a brecha que criminosos procuram.
Hoje, as ferramentas estão ainda mais sofisticadas. O uso do reconhecimento facial em condomínios cresceu 47% entre 2022 e 2024, consolidando-se como uma primeira camada de segurança, muitas vezes em complemento a porteiros presenciais. Além disso, a incorporação da Inteligência Artificial acelerou a evolução das soluções. Em apenas um ano, o uso de IA em produtos de segurança passou de 54% para 64,3%, com destaque para os sistemas de controle de acesso e identificação biométrica.
Essa integração entre tecnologia e gestão eficiente criou uma cultura de segurança nos condomínios brasileiros que começa literalmente na porta de casa. A portaria remota não deve ser vista apenas como um recurso para reduzir custos, mas como um modelo que promove um ambiente mais protegido, inteligente e sustentável.
O desafio agora é duplo: de um lado, seguir inovando com recursos tecnológicos; de outro, reforçar a educação dos moradores para que adotem hábitos de segurança compatíveis com esse novo cenário.